quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Gente humilde


Certa vez pensei ter descoberto a origem da nobreza de um homem, mas estava enganado. E a cada tropeço com uma pessoa de mais idade abro os olhos para antigos enganos.

Nas vésperas de completar seu centenário, Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares declamou toda sua poesia, já impressa em pilares, com olhos sedentos por vida.

Em uma entrevista para BBC, Niemeyer faz declarações com simplicidade de um nobre que sabe o seu valor, mas não espera o reconhecimento de ninguém.

"A data não é importante. A idade não é importante. O tempo não é importante. A arquitetura não é importante. O que nós criamos não é importante. Somos muito insignificantes. O que é importante é ser tranqüilo e otimista."

"O que me faz levantar todas as manhãs é o mesmo de sempre: a luta, o comunismo puro e simples”

"Fidel, Chávez, eles representam a luta de hoje. O capitalismo domina, mas ele vai fracassar. Tenho fé nisso. A revolução não pode parar.”

Chico Buarque diria: “É Gente Humilde, que vontade de chorar.”

Kinho Vaz traduziria: “Sempre vale a pena sonhar/ Todo sonho é bom, viver/ Você tem que acreditar/ Vai acontecer.”


Que nó na garganta...


5 comentários:

Anônimo disse...

O homem pragmático vai caminhar pela vida e talvez realizar seus sonhos que, invariavelmente, vão estar relacionados com conquistas materiais.

O homem que vive de sonhos, tem a vantagem de caminhar nas nuvens e viver a felicidade de todos os seus projetos. Mesmo aqueles que nunca se realizam, ou que caem nas mãos dos pragmáticos e são transformados em algo prático.

É possível sonhar e realizar, desde que se acredite que o seu sonho precisa ser vivido por você, precisa sair das suas mãos.

Niemeyer é assim: um dialético das curvas. O sonhador que trouxe a sua visão de homem para o papel e fez poesia de concreto armado.

Ele vive e ainda cria, porque soube preservar a idade do seu "ser abastrato".

Marcos Abrahão

Anônimo disse...

O velho Niemeyer sabe disso tudo, aí embaixo, de cadeira.

Clube da Esquina 2

(Lô, Milton e Márcio)

Por que se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem lembra se olhou prá trás
A primeiro passo asso asso ...
Por que se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênicos
Ficam calmos calmos calmos...

E lá se vai...
Mais um dia...

E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio rio rio rio...
De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio ...
E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente gente gente...

Anônimo disse...

Ok, Niemeyer... do varandão de sua casa, de costas para aquela sala sem horizonte, reluzindo de obras de arte em cada um de seus incontáveis cantos, de frente para o imenso mar atlântico, com aqueles ouvidos taciturnos sendo agraciados pela poesia vinda das esquinas de Copacabana...

Cada um com suas contradições... o seria do homem sem elas?

Levantar toda manhã numa cena como esta, pelo comunismo puro e simples, é dose!

Anônimo disse...

O que seria da vida sem suas contradições?

Ainda mais no país do paradoxo.


Arroz com feijão
Limão e cachaça com açucar (os hipócritas preferem adoçante).

Anônimo disse...

Não é hipocrisia ! É que sobra mais espaço no copo ! O volume de açúcar é substituído pela marvada !