domingo, 6 de janeiro de 2008

Presença da ausência

O papo de hoje pode não ser bom para todos. Muitos com certeza vão se levantar e ir embora, outros ouvirão sem falar nada. Alguns sentirão um nó na garganta, enquanto a minoria perde a vergonha e molha a mesa com rios de saudade.

Quem disse que ela não dói? Um sentimento que só pode ser explicado em português. Na dor de cada dia, presença da ausência e no repleto vazio que se instala em nossos corações.

Ainda mais quando o que se ausenta sai por vontade própria. Separação anunciada, querida, criada e rasgada do destino criado como certo.

Como diria o nosso “poetinha camarada”, “A vida é a arte do encontro embora haja tantos desencontros pela vida.”



Tarde demais

Se um dia me perguntarem para onde vou, não digo
O meu destino permanecerá guardado para mim
Assim como o seu
Que ainda cisma em me esbarrar

E agora?
Não sei, mas seguirei em frente
Você também não ficará olhando para trás
Enxergues adiante um sorriso
Apaixone-se

Só não faça a mesma coisa com o coitado
Nunca fui bom de praga
Mas tu ainda pagarás
E olha que o amor cobra juros e mais juras
Assim como fizeste

Naufraguei em mares salgados
Com nascentes que regavam a boca
E secavam a minha voz
Perturbada por não ouvir a sua

Isolei o meu calor de outros quentes
Imaginando que ainda pudesse arder comigo
Naquelas penumbras que invadiam o leito branco
Molhado com gotas de ilusão que hoje evaporaram

O encaixe era perfeito,
Até mesmo em condições estranhas
Em um delírio por levitar mais alto
E satisfazia

Voavas leve
Tão alto que estrelas brilhavam nos olhos
A força perdia para gravidade
Enquanto saltávamos em piscinas rasas

Não quero voar
Pelo menos por agora
Mesmo que faça por outros ares

Mas dei a volta por cima
Construindo mais um sonho
De cada desilusão jogada ao chão
Presa ao seu sorriso saciado

Hoje não quero dar perdão
Só busco a sorte de alguém que saiba voar
Com a imperfeição do amor
Alimentando o prazer da incerteza
Para voltar a ser feliz.


® Jorge Lopes Abrahão